Se você ainda não foi picado pelo mosquito chamado "Pequim 2008" ainda é tempo. Com um calendário que se estende por mais uma semana, ainda é possível converter-se num "grande" especialista em esportes aleatórios. Com a facilidade do dedilhar de controles remotos, você consegue abrir o verbo sobre os atletas do mundo todo em dezenas de atividades. Eu, como um bom crítico de qualquer coisa, faço isso freqüentemente, questionando derrotas e vitórias seja no vôlei de praia, seja no arco-e-flecha. Entretanto, minha generalidade tem limites. Segue agora um top 5 coisas que eu não consigo entender nas Olimpíadas:
5) Por que temos infinitas medalhas na Natação? - Acontece que duas fulanas e uma bola sofrem no mínimo umas 7 partidas para disputar uma, uminha só, medalha no pódio olímpico. Enquanto Michael Phelps tem a chance de, sozinho, se inscrever em N baterias de natação e abalroar seu peito com 8 medalhas de ouro de uma vez só. Alguém consegue enxergar justiça nisso? Times inteiros jogam até a final e correm o risco de não levarem nada numa campanha de 4 semanas, enquanto a cada 40 segundos, uma medalha é distribuída no Cubo d'água! Alguém sabe por que não temos campanhas na natação? Pontos? Dificuldades que vão além do próprio esporte?
4) Alguém enxerga o circuito da Vela? - Eu juro que eu tento enxergar um circuito ali mas quando fiquei sabendo da notícia de que o mar revolto impediu os juízes de definir os vencedores de uma das categorias da Vela me senti vingado! Não existe, nem remotamente, um esclarecimento sobre como se ganha uma medalha na Vela. Vemos barquinhos enfileirados animadamente rumo a um pódio que parece tão invisível quanto as correntes de vento que conduzem os velejadores! Às vezes tenho a impressão que a vitória na Vela é mais uma questão de não virar o barco do que qualquer outra coisa.
3) Nado sincronizado é um esporte mesmo? - Elas chegam parecendo gêmeas, em roupinhas coloridas, pulam na água juntinhas e começam a fazer um bizarrissimo malabarismo de pernas fora d'água que poderia ser classificado facilmente como uma "cena nonsense dirigida por David Lynch". Quem aí assiste "Pushing Daisies"? Juro que assistindo o campeonato de Nado Sincronizado fiquei esperando ansiosamente o retorno das "Darling Mermaid Darlings" porque somente isso faria sentido no meio de todo aquele caos esportivo.
2) Da onde surgem as notas da ginástica olímpica? - O exercício foi perfeito, os saltos foram cravados, as pernas não se afastaram nas piruetas, mas graças a "pequenos errinhos" a nota do atleta foi 16.45871,51656! (Hein?). "Pequenos errinhos" são basicamente o mecanismo definidor da ginástica olímpica. São eles que definem quais os "micronésimos" de pontos que farão um vencedor e um perdedor. No entanto, nem as competentes especialistas da narração conseguem nos explicar a mecânica quântica que pontua o esforço desses atletas. Fico com pena quando vejo um exercício que parece impecável levar uma nota indescritível e outro, exatamente igual, chegar ao pódio. Meu amadorismo me impede de falar mais, no entanto, acho que as notas da ginástica olímpica são parte de uma fantasia coletiva dos juízes.
1) Precisamos mesmo de narração em todos os esportes? – “O atleta subiu ao trampolim, preparou o pulo, saltou, splash”. Precisamos mesmo de narração em todos os esportes? Por exemplo: salto ornamental? Ou quem sabe tiro? Ou mesmo mais complexos como Vela? (lá vem a Vela de novo). A narração deveria nos ser esclarecedora, guiar nossos olhos, explicitar acertos e erros, mas na maioria das vezes o que temos são dois fulanos (um jornalista e um especialista) papeando enquanto nós, os espectadores, só queríamos ver a partida. Ideal será a televisão do futuro que contará com o recurso do hipertexto. Puxaremos as informações que quisermos na própria tela sem a necessidade de um "especialista" que comente obviedades somente porque foi bem pago para fazê-lo.
E na minha próxima vida eu volto Atleta Olímpico. Quando me aposentar, me lanço como narrador!
Fonte: http://topismos.blogspot.com
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